domingo, 2 de setembro de 2012

Sexo explícito para derrubar a Ditadura

Nos 30 anos do pornô brasileiro, ‘Coisas eróticas’ ganha livros e filme

Primeiro filme brasileiro de sexo explícito tornou-se um marco contra a Censura 


O Globo

RIO - O choro brasileiro na Copa de 1982 fez a alegria de Rossi. Não Paolo Rossi, autor dos gols da Itália que eliminaram o Brasil, e sim o diretor Raffaele Rossi. A celebração era menos por sua origem italiana do que pelas três mil pessoas que lotavam as sete sessões diárias de seu filme, "Coisas eróticas".

A estreia aconteceu em 7 de julho, dois dias após o jogo. O dono do Cine Windsor, Francisco Luccas, havia dito: "Rossi, vamos lançar amanhã. Vamos aproveitar que estão todos tristes com a Copa. E daí o pessoal se anima com seu filme!" E, de fato, se animou. Oficialmente foram 4 milhões e 729 mil pessoas, mas há quem fale em 8 milhões apenas nos seis primeiros meses. Em muitos cinemas do interior, o bilheteiro não rasgava o ingresso e vendia a entrada de novo. E parte do público entrava pelos fundos, sem pagar.

O primeiro filme brasileiro de sexo explícito tornou-se um marco contra a Censura. Lançado durante a ditadura militar, logo após o presidente Figueiredo fazer um duro discurso condenando a pornografia, ele tem sua história contada em um livro e um documentário, no momento em que completa 30 anos. Além disso, Fábio Fabrício Fabretti narra a impressionante história de uma das protagonistas do filme na biografia "Jussara Calmon, muito prazer" (Giostri Editora), que será lançada dia 10 na loja Super Vídeo, em Ipanema.

Fim das chanchadas e da boca do lixo

O sucesso de "Coisas eróticas" assinala a derrocada das pornochanchadas, gênero que conquistou milhões de brasileiros com musas como Helena Ramos, Matilde Mastrangi, Zaira Bueno, Débora Muniz e Aldine Müller. 


— Quem pagaria para ver insinuação se já era possível ver sexo? Ele impôs aos outros cineastas que ou fizessem filmes de sexo explícito ou não fizessem mais cinema — diz a jornalista Denise Godinho, que escreveu com o também jornalista Hugo Moura o recém-lançado "Coisas eróticas — A história jamais contada da primeira vez do cinema nacional" (Panda Books).

Ao lado de Bruno Graziano, eles fizeram ainda o documentário "A primeira vez do cinema brasileiro". Era um novo ciclo que surgia, em que o erótico dava lugar ao pornográfico.

Continua O Globo 

O trailer de "A primeira vez do cinema brasileiro", impróprio para blogs de família, pode ser visto no YouTube

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