By: Cris Thomas
VENEZA Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza pelo ultraviolento “Pietà”, o cineasta Kim Ki-Duk não filmava uma obra de ficção há quatro anos, sofrendo um depressão profunda. O modo como ele enfrentou o trauma psicológico foi pelo próprio cinema. No ano passado, o diretor de “Sonhos” (2008) e “Fôlego” (2007) resolveu fazer uma espécie de sessão de terapia cinematográfica, tratando sua trajetória, tanto no cinema quanto privada, como psicodrama. O resultado foi um documentário, “Arirang”, em que ele fala diretamente para a câmera, revelando-se em completo isolamento. A obra foi premiada no Festival de Cannes.
Kim Ki-Duk está acostumado a ganhar prêmios. Aos 51 anos, é o diretor mais reconhecido mundialmente da Coréia do Sul. “Pietà” é seu 18º filme, e mostra que ele não quer se acomodar. Ao contrário, nunca incomodou tanto. Seu novo filme fez alguns espectadores abandonarem a sessão em Veneza, por não aguentarem a violência das imagens.
A trama acompanha um homem (Lee Jung-Jin) brutal e solitário, contratado por agiotas para cobrar dívidas. O protagonista cresceu num orfanato, mas um dia encontra uma mulher (Jo Min-Su) que diz ser sua mãe. Inicialmente, ele não acredita na história da mulher. Incrédulo, a submete a diversos testes de masoquismo que culminam num estupro, para arrancar a confissão da mulher de que se trata de uma mentira.
Toda a violência de “Pietà” é, segundo o diretor, um ensaio sobre o capitalismo. “Tentei discutir os perigos do capitalismo extremo e como ele pode afetar as relações humanas”, ele explicou, após a sessão para a imprensa. “Meu filme é uma metáfora do capitalismo extremo, que faz do dinheiro o único valor importante, que se impõe sobre os valores verdadeiros e os sentimentos”.
Continua PipocaModerna
Nenhum comentário:
Postar um comentário