terça-feira, 25 de outubro de 2011

CINEJ@RNAL: Shakespeare, bêbado e analfabeto

@ Homosexualismo na ilha de Fidel 

Numa cena de Cuba Libre, documentário de Evaldo Mocarzel que passa hoje na Mostra, Rodolfo García Vasquez e Ivam Cabral, do grupo Satyros, entrevistam dois cubanos. Os caras são gays e fazem uma radiografia da homossexualidade na ilha de Fidel Castro. Recentemente, o próprio comandante pediu desculpas aos gays pelas perseguições que sofreram em Cuba. Um dos entrevistados define sua opção pela homossexualidade como um ato revolucionário. 

"Diziam que era errado ter relações com pessoas do mesmo sexo. Fiz para desobedecer." E ele acrescenta que Cuba vive um momento excepcional - nunca, como hoje, houve tanta liberdade para criticar. No cinema, no teatro, nas artes visuais. Mais Estadao.com.br 

@ Cinco motivos para rever clássicos 

A programação da 35ª Mostra de Cinema de São Paulo --que exibe mais de 250 filmes até 3 de novembro-- inclui sessões de vários clássicos. 

Em meio a uma enxurrada de recentes produções, veja, abaixo, cinco bons motivos para rever produções como "Taxi Driver", "1900", "Laranja Mecânica", "La Dolce Vita" e "O Leopardo". Mais UOL 

@ Brega é chique 

Tema por excelência da chamada música brega -ou "popular", como preferem os seus trovadores-, a dor de cotovelo ganhou um filme para chamar de seu. 

"Vou Rifar Meu Coração" é um dos destaques da nova safra de documentários musicais brasileiros que a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo traz nesta 35ª edição. Outros seis filmes no evento também têm a música como fio condutor. Mais Folha.com 

@ "Rock Brasília" é um filmaço 

"Rock Brasília" é um filme inesperado. Para um documentário que, como o próprio nome indica, trata de rock, tem muito pouco rock em sua trilha sonora. Ao traçar a trajetória de três bandas _ Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude _ que foram criadas na Capital Federal na virada dos anos 70 para os 80 do século passado, o cineasta Vladimir Carvalho optou por dar realce aos depoimentos dos integrantes desses grupos. Assim, não há um só rock inteiro tocado no filme. Mais Blog do Xexéo 

@ Shakespeare, bêbado e analfabeto 

Londres, 25 out (EFE).- O longa-metragem 'Anonymous', que questiona a autoria de William Shakespeare e o descreve como um ator bêbado e analfabeto, suscitou polêmica no Reino Unido depois de sua estreia nesta terça-feira no Festival de Cinema de Londres. 

Dirigido pelo alemão Roland Emmerich e protagonizado por Rhys Ifans e Vanessa Redgrave, o filme enfureceu a Fundação Shakespeare Birthplace, que optou por uma resposta drástica, retirando o nome do autor dos cartazes da cidade em protesto contra o que considera 'uma manipulação da história e da cultura inglesa'. Mais G1 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A história do cinema: Estados Unidos


POR SCOTT FOUNDAS *


Uma verdadeira história de amor liga a América e a França: as Luzes, a Estátua da Liberdade, Jerry Lewis… Por conseguinte, não é de surpreender que os filmes americanos tenham revelado uma presença significativa na Croisette desde o início do Festival de Cannes. A primeira edição do Festival, em 1946, teve tudo de um anus mirabilis para Hollywood, já com oito produções americanas nos 44 filmes “em competição”, dos quais Meia Luz de Cukor, Difamação de Hitchcock, Farrapo Humano de Wilder (um dos nove filmes que partilharam o primeiro Grande Prémio do Festival, a mais alta distinção da altura) e Música, Maestro de Walt Disney, que marcou o início de uma longa tradição de filmes de animação na Selecção Oficial. Coincidência ou não? Nesse mesmo ano, o histórico acordo Blum-Burnes abriu os cinemas franceses a mais produtos americanos. Vive les États-Unis!*




Se Cannes tivesse começado em 1939, conforme previsto antes de a Segunda Guerra Mundial ter impedido esse projecto, O Feiticeiro de Oz e Pacific Express de Cecil B. DeMille teriam feito parte da primeira programação, entre outros tesouros deste grande ano da história de Hollywood. Quando uma Palma de Ouro de 1939 foi tardiamente atribuída em 2002, coube justamente ao filme de DeMille. Mas Cannes chegou amplamente cedo para aproveitar a Idade de Ouro de Hollywood...

    Crossfire                                  Um Americano em Paris       

Durante os finais dos anos 40 e início dos anos 50, os filmes provenientes de estúdios de prestígio e rodados por realizadores como Edward Dmytryk (Crossfire, O Fim da Aventura), Vincente Minnelli (Folias Ziegfeld, Um Americano em Paris) e William Wyler (História de um Detective, Sublime Tentação) chegaram à competição ao lado de um número surpreendente de filmes de género e de films noirs comoActo de violência (1948) de Fred Zinnemann e Nobreza de Campeão(1949) de Robert Wise, o tipo de filmes que os Franceses foram historicamente os primeiros a levar a sério. Após três anos agitados de produção, Othello, realizado de forma independente por Orson Welles, recebeu o Grande Prémio em 1952. No mesmo ano, Marlon Brando e Lee Grant receberam respectivamente os Prémios de interpretação masculina e feminina (para Viva Zapata! de Kazan e História de um Detective). Em 1953, o grande John Ford fez a sua única aparição em Cannes com O Sol Nasce Para Todos. Em 1955, o Grande Prémio recebeu o nome de Palma de Ouro. Foi entregue a Marty, de Delbert Mann, que ia tornar-se no primeiro de 14 filmes americanos a receber este troféu tão cobiçado, fazendo dos Estados Unidos o país com mais palmas do mundo. 





No momento em que a indústria cinematográfica francesa conhecia, em finais dos anos 50, as gigantescas mudanças induzidas pelos “jovens Turcos” da Nova Vaga, os filmes americanos conheceram a sua própria revolução com a entrada em cena de realizadores independentes como Morris Engel, John Cassavetes e Irvin Kershner (cujo filme Houdlum Priest passou na competição em 1961) e de outros jovens realizadores como John Frankenheimer (proveniente do mundo da televisão) ou Sidney Lumet, apropriando-se pouco a pouco da linguagem convencional da grande tradição cinematográfica de Hollywood. Os filmes All Fall Down de Frankenheimer e Longa Viagem Para A Noite de Lumet entraram em Cannes em 1962, e o filme de Lumet valeu ao trio de actores principais (Dean Stockwell, Jason Robards e Ralph Richardson) um Prémio de interpretação colectivo, bem como o Prémio de interpretação feminina atribuído a Katharine Hepburn. 

Em 1965, Cannes recebeu pela primeira vez um presidente do júri de nacionalidade americana, na pessoa de Olivia de Havilland. A Palma de Ouro coube à comédia “mod” vanguardista de Richard Lester The Knack… And How To Get It; embora o tema do filme fosse totalmente britânico, sublinhe-se que Lester é americano. Em 1967, um único filme americano foi à competição do festival. Tratava-se de um filme independente de baixo orçamento, inicialmente o projecto de fim de curso da UCLA Film School do realizador do mesmo… O filme chamava-seBig Boy, e o seu encenador era nada mais, nada menos, que um futuro duplo laureado da Palma de Ouro que responde pelo nome de Francis Coppola.

* Scott Foundas é crítico e programador de cinema. É co-director dos programas da Film Society of Lincoln Center e redige regularmente artigos para a revista Film Comment, bem como para outras publicações.

Continua Festival de Cannes

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A história do cinema: Espanha


Claude Lelouch, Jean-Luc Godard, François Truffaut,
Louis Malle e Roman Polanski, Cannes, 1968.
POR DIEGO GALÁN *

Vários cineastas invadem o palco para interromperem a projecção do filme do dia.Estamos em Maio de 1968, quando as ruas estão cheias de estudantes que vieram protestar para acabarem com um modelo de sociedade que consideram obsoleto e injusto, e os cineastas mais sensíveis apoiam esta causa perpetuando, no mundo do cinema, as reivindicações dos estudantes e operários. O Festival tem de se juntar à revolta popular… e desaparecer.

Jean-Luc Godard, François Truffaut e Louis Malle, entre outros, agarram-se às cortinas para impedirem a projecção prevista nesse 19 de Maio. Trata-se de Peppermint frappé, um filme espanhol de Carlos Saura, (produzido por Elías Querejeta) com Géraldine Chaplin que se junta a eles para interromper a projecção que se vai iniciar. Mas ao ver Géraldine Chaplin no palco, Godard compreende que a actriz deseja defender o seu filme e na luta, acaba por lhe dar um murro... que deixa a filha de Charles Chaplin com um dente a menos. Hoje em dia, a actriz fala disso com humor, mas na altura hesita por instantes em andar aos murros com o realizador suíço.

SAURA E BUÑUEL

Naturalmente, nem todas as participações espanholas no Festival de Cannes terminam ao murro, muito pelo contrário. Muito frequentemente, embora talvez não suficientemente, os filmes espanhóis são propostos na selecção oficial (Competição, Un certain regard) ou nas secções paralelas. Carlos Saura conta, por exemplo, com dez participações no Festival, a primeira para apresentar a sua primeira obra Los golfos (1960). Na altura, trata-se de um jovem de 28 anos, preocupado com o realismo social e curioso perante a vida. 

É nesta edição do Festival de Cannes que faz amizade com Luis Buñuel, cineasta espanhol exilado no México e que apresenta o respectivo filme rodado em inglês The Young One. Quando, anos mais tarde, em 68, Saura volta a participar no Festival com Peppermint frappé, o seu registo expressivo é diferente e mostra uma certa liberdade, aliando assim a sua preocupação pelo realismo, a memória e os traumas provocados pela guerra civil à dialéctica entre o sonho e a realidade 1. Muitos vêem nesta alteração de estilo uma determinada influência de Buñuel, mas pensa-se sobretudo que os recursos dramáticos do cinema de Saura são uma forma de contornar a censura feroz do general Franco em Espanha.

* Diego Galán é crítico e historiador de cinema



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

CINEJ@RNAL - 35ª Mostra São Paulo

@ 35ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo 

De 21 de outubro a 3 de novembro, acontece em São Paulo a tradicional Mostra Internacional de Cinema. Durante duas semanas, a 35ª Mostra Internacional de Cinema propicia que cinéfilos acompanhem cerca de 250 títulos dos mais variados países e cinematografias, que serão exibidos em 22 salas, entre cinemas, museus e centros culturais espalhados pela capital paulista. A seleção é um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial está produzindo e quais as tendências, temáticas, narrativas e estéticas estão predominando ao redor do mundo. Mais Mostra.org 

@ Destaque para os premiados em Festivais 

Mesmo em um ano conturbado, devido à doença e morte de Leon Cakoff, criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Renata de Almeida e sua equipe conseguiram trazer para o evento alguns dos filmes mais badalados e premiados dos grandes festivais internacionais deste ano. 

De Cannes vêm os dois ganhadores do Grande Prêmio do Júri: “O Garoto da Bicicleta”, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, e “Era uma Vez na Anatólia”, de Nuri Bilge Ceylan, além de “Habemus Papam”, de Nanni Moretti, e “Pater”, de Alain Cavalier, entre outros. De Berlim, vêm filmes como “O Futuro”, de Miranda July (do cult “Eu, Você e Todos Nós”), e “Mundo Misterioso”, de Rodrigo Moreno (o mesmo diretor do elogiado “O Guardião”). E de Veneza, o ganhador do Leão de Ouro, “Fausto”, do russo Aleksander Sokurov, que deverá encerrar a Mostra, em 3 de novembro. Mais UOL 

@ Mostra SP, 250 filmes em 22 salas 

A 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa hoje com uma cerimônia de abertura apenas para convidados no Auditório do Ibirapuera. No entanto, de todas as edições do evento, essa será a mais triste, pois não contará com seu idealizador - e entusiasta - Leon Cakoff, que morreu no último dia 14. Renata de Almeida, viúva de Cakoff e diretora da Mostra, deverá homenageá-lo. 

A abertura será comandada pelo crítico Rubens Ewald Filho e pela cineasta Marina Person. Para o público, a Mostra só vai iniciar mesmo amanhã, a partir das 11h, com a exibição de "Maria My Love", na Faap. Hoje, no Auditório, serão exibidos "Viagem à Lua", de 1902, dirigido por Georges Méliès, e "O Garoto de Bicicleta", dos irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne (que levou o Grande Prêmio do Júri de Cannes deste ano). Mais Estadão.com.br 

@ Mostra SP foca nos inéditos 

SÃO PAULO - A 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa para o público na sexta (dia 21), uma semana após a morte de seu criador e diretor, Leon Cakoff, vítima de câncer, aos 63 anos. No entanto, sua marca está bem impressa. Foi dele a ideia de o festival selecionar, para 2011, apenas longas-metragens estrangeiros inéditos no Brasil. 

A escolha não impediu a vinda dos trabalhos de grandes diretores habitués dos festivais internacionais. Estão na programação, por exemplo, os dois longas que dividiram o Grande Prêmio do Júri do último Festival de Cannes: "O Garoto de Bicicleta", de Jean-Pierre e Luc Dardenne, e "Era uma Vez na Anatólia", do turco Nuri Bilge Ceylan. Mais O Globo 

@ 20 filmes imperdíveis em SP 

Mesmo tendo diminuído de tamanho, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acumula diversos filmes em sua programação. Filmografias do mundo inteiro, obras premiadas em festivais, documentários, ficções curiosas, clássicos restaurados... A oferta continua imensa, e recheada de boas escolhas. 

Para conseguir extrair o máximo do que o festival apresenta, o iG selecionou os 20 filmes imperdíveis desta edição. Há desde "Fausto", vencedor do Festival de Veneza, uma versão do clássico escrito por Goethe, passando por "Caverna dos Sonhos Esquecidos", espetacular documentário em 3D dirigido por Werner Herzog, a "Contos da Noite", animação do francês Michel Ocelot, de "Kirikou e a Feiticeira". Mais IG 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Carla Bruni deu à luz uma menina

A agência Reuters acaba de publicar que a primeira-dama da França, Carla Bruni, modelo e atriz nas poucas horas vagas, deu à luz uma menina, sua primeira filha com o marido, o presidente Nicolas Sarkozy, e o primeiro bebê nascido de um casal presidencial durante um mandato.


Abaixo o trailer filme de Woody Allen, "Meia-noite em Paris", onde Carla faz uma ponta.

Continua Reuters

A história do cinema: Coréia


POR LEE CHANG DONG*

Arirang, 1926
Um jovem coreano abandona a sua aldeia, amarrado por uma corda puxada por um polícia japonês. Matou com golpes de foice o capanga de um proprietário sádico que martirizava os aldeões. Assim termina o filme de Na Un-gyu, intitulado Arirang. A lenda conta que quando este filme saiu, em 1926, ou seja, sob a ocupação japonesa, os espectadores coreanos choravam nas salas de cinema cantando em coro o cântico folclórico intitulado “Arirang”.

Este filme, considerado actualmente como aquele que marcou os verdadeiros inícios do cinema coreano, é bastante representativo de uma das suas principais características, pois constitui o reflexo do contexto e da realidade social da altura, sendo ao mesmo tempo portador dos sentimentos e aspirações do espectador. 

The Ownerless Ferryboat, 1932
Quanto a Lee Gyu-hwan, outra celebridade da época dos filmes mudos, evoca no seu filme The Ownerless Ferryboat a cólera do povo, vítima das exacções do imperialismo japonês, colocando em cena um bateleiro que mata um engenheiro dos caminhos de ferro. Por fim, História de Chunhyang (1935), primeiro filme coreano falado, é uma adaptação de um romance clássico, mas que evoca também o sofrimento e a tristeza dos contemporâneos.

Nos anos 1960, após o período de destruições maciças desencadeadas pela guerra da Coreia (1950-1953), que seguiu de perto o fim da colonização japonesa (1945), cineastas como Shin Sang-ok, Yoo Hyon-mok, Kim Soo-yong, Kim Ki-young ou Lee Man-hee permitem aquilo a que chamamos de “Renascimento” do cinema coreano. 

Os talentos deles exprimem-se através de uma grande variedade de registos que vão das obras de autor aos filmes de grande público, tendo este conjunto em comum o facto de reflectir a realidade social e de se apresentar como porta-voz do povo coreano.

Esta tradição artística, que poderíamos qualificar de “realista”, conhece no entanto um parêntesis nos anos 1970 devido à severa censura instituída pelo regime ditatorial da altura. Sob a vigilância e o controlo que exerce, apenas são autorizados melodramas, filmes de acção sem enraizamento local, ou ainda obras de propaganda com a única função de preencher a quota necessária para poder importar filmes estrangeiros. No campo industrial, mas também do ponto de vista da qualidade artística, o cinema coreano mergulha inevitavelmente numa depressão da qual dificilmente sairá.

O Sonho de Bae Chang-ho, 1990
No início dos anos 1980, Bae Chang-ho e Lee Jang-ho, e depois em meados da década, Park Kwang-su e Jang Sun-woo, voltam a gravar a realidade em película em estilos que lhes são próprios, saindo assim o cinema nacional de uma longa letargia. Im Kwon-taek, mais velho, junta-se a eles nesta regeneração e produz obras marcadas por uma grande modernidade que o distingue da sua geração.

* Lee Chang Dong é argumentista e realizador. Recebeu o prémio do argumento para Poetry, apresentado na Competição em Cannes em 2010.


Continua Festival de Cannes

Veja os vencedores do Festival do Rio 2011

O Festival do Rio 2011 teve um nome constante na premiação desta terça-feira (18/10) no Odeon Petrobras: A Hora e a vez de Augusto Matraga. O filme levou o Troféu Redentor de Melhor Longa-Metragem de Ficção, o prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção pelo Voto Popular e ainda três prêmios de elenco: 

Melhor Ator para João Miguel, Melhor Ator Coadjuvante para José Wilker e um prêmio especial do júri para Chico Anysio. Primeiro longa-metragem de Vinícius Coimbra, conhecido por sua carreira em televisão, o filme é baseado no conto homônimo de Guimarães Rosa, que conta a história de um fazendeiro violento que vive acima da lei no sertão de Minas Gerais e que busca redenção após cair numa emboscada. 

O júri oficial e o voto popular também coincidiram na escolha do melhor longa documentário: As Canções, do veterano Eduardo Coutinho, levou o Troféu Redentor de Melhor Longa-Metragem Documentário e o prêmio de Melhor Longa-Metragem Documentário pelo Voto Popular. O trabalho, com proposta simples e tocante, mostra algumas pessoas cantando músicas que marcaram suas vidas e dividindo um pouco de suas histórias. O documentário Olhe para mim de novo, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, um road movie conduzido por um transexual masculino, recebeu um Prêmio Especial do júri. 

O Redentor de Melhor Direção de Ficção também ficou com um veterano: Karim Aïnouz, por O Abismo Prateado, bela tradução cinematográfica da música Olhos nos Olhos, de Chico Buarque. Camila Pitanga foi eleita Melhor Atriz pela instável Lavínia, de Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, dirigida por Beto Brant e Renato Ciasca, e Maria Luíza Mendonça foi a Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle.

Odilon Rocha levou o Redentor de Melhor Roteiro por A novela das 8, e Jordana Berg ficou com Melhor Montagem pelo documentário Marcelo Yuka no Caminho das Setas. 

O Redentor de Melhor Fotografia teve dois premiados: Mauro Pinheiro Jr., por Sudoeste, e Petrus Cariry por Mãe e Filha, filme que também dirigiu. As duas obras também receberam duas manifestações do júri: Menção Honrosa a Mãe e Filha, sobre o reencontro entre mãe e filha numa cidade do sertão em ruínas, e Prêmio Especial para Sudoeste, crônica sobre o tempo passada numa vila isolada do litoral brasileiro. Sudoeste ainda também levou o prêmio de Melhor Filme Latino Americano segundo o júri da FIPRESCI. 


VENCEDORES DA PREMIERE BRASIL – TROFÉU REDENTOR 

JÚRI OFICIAL DO FESTIVAL DO RIO 2011, composto por Roberto Farias (presidente), Adriana Falcão Aluizio Abranches, Pandora da Cunha Teles, Vanessa Ragone: 

- Melhor Longa-Metragem de Ficção – A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, de Vinicius Coimbra 

- Prêmio Especial de Júri – SUDOESTE, de Eduardo Nunes 

- Menção Honrosa para MÃE E FILHA, de Petrus Cariry 

- Melhor Longa-Metragem Documentário – AS CANÇÕES, de Eduardo Coutinho 

- Prêmio Especial do Júri para – OLHE PRA MIM DE NOVO, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla 

- Melhor Curta-Metragem – QUAL QUEIJO VOCÊ QUER?, de Cíntia Domit Bittar 

- Menção Honrosa para Tempo de Criança, de Wagner Novais 

- Melhor Direção – KARIM AÏNOUZ por O ABISMO PRATEADO 

- Melhor Ator – JOÃO MIGUEL (A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA) 

- Melhor Atriz – CAMILA PITANGA (EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS) 

- Melhor Atriz Coadjuvante – MARIA LUÍSA MENDONÇA (AMANHÃ NUNCA MAIS) 

- Melhor Ator Coadjuvante – JOSÉ WILKER, (A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA) 

- Prêmio Especial de Júri para – CHICO ANÍSIO, (A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA) 

- Melhor Roteiro – ODILON ROCHA, por A NOVELA DAS 8 

- Melhor Montagem – JORDANA BERG por MARCELO YUKA NO CAMINHO DAS SETAS 

- Melhor Fotografia – MAURO PINHEIRO JR. por SUDOESTE e PETRUS CARIRY por MÃE E FILHA 

Outros resultados

Charles Chaplin em São Paulo


AE - Agência Estado 

Um típico trapaceiro, rabugento, antipático, malandro ao extremo, que não hesitava em dar em cima da mulher do próximo, que adorava dar pontapés e aplicar truques diversos nos mais distraídos. Assim era Carlitos, o célebre personagem criado por Charles Chaplin que superou seu próprio criador e adquiriu vida própria. Tão própria que foi até capaz de evoluir, mudar de personalidade e se tornar o solitário, melancólico e comovente vagabundo que comoveu o mundo com suas histórias nem sempre felizes, mas sempre hilárias. 

"Poucos sabem que Carlitos nasceu em 1914, ainda na Keystone, o primeiro estúdio norte-americano em que Chaplin trabalhou. Foi só com o passar do tempo que ele deixou de ser antipático para se consolidar, finalmente, em Luzes da Cidade (1931) como o simpático vagabundo", contou o francês Sam Stourdzé, curador da exposição "Chaplin e sua Imagem", que entra em cartaz hoje no Instituto Tomie Ohtake e traz facetas até então pouco conhecidas do grande público de um dos maiores gênios da história do cinema. 




Poderia se chamar de arqueologia contemporânea o trabalho que Stourdzé, um dos maiores especialistas quando o assunto é "escavar" a vida de Charles Chaplin, realizou - ele é diretor do Lausanne?s Elysée Museum, na Suíça, onde o ator e diretor passou os últimos anos de sua vida, após ter sido impedido de retornar ao Estados Unidos durante uma viagem à Europa. Não por acaso, o Lausanne Museum é detentor de vasto acervo de imagens da vida pública e privada de Chaplin. 

É parte deste acervo capaz de emocionar qualquer fã do artista que poderá ser visto pela primeira vez no Brasil. A exposição, que já passou por diversos países europeus, Estados Unidos e México, chega agora ao Brasil propondo uma interessante confrontação entre a figura pública e a pessoal de Charles Chaplin. 


terça-feira, 18 de outubro de 2011

CINEJ@RNAL


@ Roteiristas acusados de plágio 

“Se beber não case! 2” está envolvido em mais um processo, desta vez por violação, difamação e fraude, além de outras alegações. O roteirista principiante Michael Alan Rubin acusa os roteiristas de basearem a ideia do filme em suas próprias desaventuras conjugais na Ásia. A informação é do site da revista Entertainment Weekly. Mais UOL 

@ Susan Sarandon chama papa Bento 16 de nazista 

A atriz e ativista social Susan Sarandon chamou o papa Bento 16 de nazista durante uma discussão pública em um festival de cinema norte-americano em Nova York. A estrela de cinema, que ganhou um Oscar por seu papel no filme de 1995 contra a pena de morte "Os Últimos Passos de um Homem", disse ter enviado ao papa uma cópia do livro no qual o filme foi baseado. "Para o último (papa). Não esse nazista que temos agora", ela teria dito ao jornal nova-iorquino New York Newsday. Mais IG 

@ Scarlett Johansson é sexy demais 

Segundo informações do site Female First, Scarlett Johansson perdeu seu papel no filme Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres por ser sexy demais.Quem disse foi o diretor do filme, David Fincher, em entrevista à revista Vogue. "Scarlett Johansson foi incrível e fez um teste ótimo. O problema é que você olha para ela e mal pode esperar para ela tirar a roupa", revelou ele. Mais Terra 

@ "Sudoeste", um dos favoritos no Festival do Rio 

RIO - Nesta terça-feira, às 21h, no Odeon, serão conhecidos os ganhadores do troféu Redentor da Première Brasil 2011 e, entre as ficções de longa-metragem, "Sudoeste", do niteroiense Eduardo Nunes, desponta como favorito. É cotado ainda na categoria melhor fotografia, clicada em preto e branco por Mauro Pinheiro Jr. Mais O Globo 

@ Camila Pitanga também é favorita no Rio 

Há uma rara unanimidade de que Camila Pitanga deve ganhar o Redentor de melhor atriz no Festival do Rio. Camila aparece nua em "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios", de Beto Brant e Renato Ciasca, mas a exposição física é o de menos. Luchino Visconti disse certa vez a Florinda Bolkan que uma atriz com dificuldade para trabalhar com o corpo não chegaria a lugar nenhum, e isso a convenceu a se desnudar em "Os Deuses Malditos". Mais complexa, e até sofrida, pode ser a nudez de sentimentos, que Camila expressa agora. Mais Estadão.com.br

sábado, 15 de outubro de 2011

"Cinema é comunhão"


Flavia Guerra - O Estado de S. Paulo

Leon Cakoff-Foto Tiago Queiroz/AE
"Cinema é comunhão", dizia Leon Cakoff sobre sua paixão, que transformou em profissão de fé. Dedicou a vida a comungar com o cinéfilos brasileiros a fé que sempre teve na arte de abrir uma janela para o mundo. E trouxe o mundo para São Paulo. E é por estas e por outras que sua história não se confunde só com a história da Mostra, mas também com a história recente do cinema brasileiro e do cinema paulistano.

Ainda nos anos 70, quando o mundo cultuava as salas de rua, que, ironicamente, tornaram-se de fato templos evangélicos nos anos 90, cedendo espaço à cultura dos Multiplex, a luta de Cakoff era trazer a revolução do olhar para dentro dos cinemas e mentes dos brasileiros. Ao longo dos 35 anos de Mostra, viu uma nova era chegar e ensinou aos novos cinéfilos que ajudou a ‘batizar’ a arte de amar o cinema. "Cinefilia é extrair qualquer elemento prazeroso de um filme. A gente perdeu a capacidade de fabricar cinéfilos", declarou ele ao Estado em conversa, em março, quando foi consultado sobre o fim do Belas Artes. Talvez estivesse enganado. A cinefilia aprendida por gerações de ‘crias da Mostra’ continuará sendo fabricada cada vez que um filme das futuras Mostras ganharem a tela grande.

A conversa com o Estado permaneceu inédita até hoje, quando mais do que nunca é dia de lembrar que, como ele mesmo disse, Cakoff não era um conformista. "Não paro só no cinema. Nem só na Mostra. Quero sempre alcançar mais gente. Sempre. Sinto esta necessidade." Por isso fundou com Adhemar Oliveira a distribuidora Mais Filmes, que levou para o circuito comercial os ‘Filmes da Mostra’ e tantos outros. Por isso levou a Mostra para a TV e apresentou na TV Cultura, ao lado de Renata Almeida, em que eles e convidados comentavam os filmes da Mostra que chegavam ao grande público. Por isso se tornou sócio das salas Unibanco Arteplex, que uniam o cinema de arte com o conforto do shopping. Dirigiu e produziu filmes (Volte sempre, Abbas, 1999, Bem-vindo a São Paulo, 2004, O Estranho Caso de Angélica, Manuel de Oliveira, 2010), escreveu críticas, lançou livros, fabricou milhares de cinéfilos.


Morre Leon Cakoff

UOL

O crítico de cinema e criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Leon Cakoff, morreu nesta sexta-feira (14), aos 63 anos. Ele vinha lutando contra um melanoma desde 2002. Ele estava internado há duas semanas no Hospital São José, em São Paulo. O corpo será velado no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo, a partir das 17h de hoje até às 12h de sábado (15). O corpo seguirá para o Memorial Parque Paulista, no Embu das Artes, onde será cremado.

Nascido na Síria, em 25 de junho de 1948, Leon Chadarevian veio ao Brasil com a família aos oito anos de idade. Adotou o nome de Leon Cakoff após ter problemas com o regime militar, por conta de sua atuação política. Formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, é conhecido pela fundação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - o mais antigo festival internacional de cinema do país. O crítico deixa a esposa Renata de Almeida, e os filhos Pedro, Laura, Jonas e Tiago.

Continua UOL

A história do cinema: China


As lentes de Cannes hoje ainda apontam para realismo do cinema socialista e contam a história da China comunista e as suas participações no Festival francês. O artigo chega também às produções de Hong Kong e Formosa. O blog publica os textos sem edição.

POR CHARLES TESSON *

Mao Zedong
Na 1ª edição do festival de Cannes, em 1946, no final da segunda guerra mundial, a China, após a derrota do Japão na guerra desde 1937, é devastada por uma guerra civil entre as tropas nacionalistas do Kuomintang de CHANG Kaï-Chek e as forças comunistas, tomando estas o poder em 1949 para originar a República Popular da China. Embora a Formosa tenha recebido com alegria a partida dos japoneses, a chegada dos nacionalistas e o respectivo exílio após a derrota em 1949 torna o seu destino sombrio. O governo provisório da República da China, nascido no continente em 1911, instala-se então na Formosa e decreta a lei marcial, levantada em 1986. Em contrapartida, embora Hong Kong, colónia britânica, tenha sofrido mais tardiamente a ocupação japonesa, encontra o seu estatuto de antigamente até 1997.

O cinema chega muito cedo à China, a Xangai, a partir de 1896, com os filmes dos irmãos Lumière, seguidos pelos de Edison no ano seguinte, mas há que esperar até 1913 para que seja rodada a primeiro longa-metragem, Um casal infeliz (ZHANG Sichuan). O ano de 1922 vê a fundação da Mingxing, a companhia mais importante da época com a Tianyi (os irmãos Shaw, mais tarde em Hong Kong). Depois dos dramas realistas, vem a moda dos filmes de sabres, género dominante dos anos 20. A partir de 1930, com a fundação da Lianhua, a ocupação da Manchúria em 1931 e os bombardeamentos de Xangai de 1932, abandona-se os filmes de divertimento para um cinema progressista tomado pela realidade.

Esta primeira idade de ouro (1931-1937) vê a chegada de estrelas feministas (HU Die, RUAN Lingyu) e uma segunda geração de cineastas talentosos: SUN Yu, CHENG Bugao, CAI Chusheng, YUAN Muzhi, WU Yonggang. A guerra contra os japoneses (1937-1945) quebra este desenvolvimento, com os que ficam em Xangai, os que se refugiam em Hong Kong ou se juntam à Longa Marcha. Apesar de perturbador, o período de guerra civil (1945-1949) origina belos filmes como Primavera numa pequena cidade(FEI Mu, 1948) e Corvos e pardais (ZHENG Junli, 1949).

"A Jovem Xiao Xiao"
A 3ª geração inicia-se com o nascimento da República Popular (SHUI Hua, LING Zifeng, SANG Hu, XIE Jin, XIE Tieli), que faz de Pequim o novo centro do cinema. Embora o cinema japonês e indiano façam as honras de Cannes, a China Popular mantém-se afastada. Os anos 60 são os da geração sacrificada (a 4ª) porque as suas carreiras serão travadas pela Revolução Cultural. Quando o cinema chinês retoma uma actividade normal a partir da segunda metade dos anos 70, Cannes aproxima-se da China. Em primeiro lugar, mostrando em 1979 (UCR) Primavera Precoce de XIE Tieli, realizado em 1963, antes da Revolução Cultural, e depois A Verdadeira história de Ah Q (1982) de CEN Fan, antigo actor e realizador de filmes de ópera nos anos 50, O Guardião de Cavalos (Mumaren, CR, 1983) do xangaiense XIE Jin, autor de Irmãs de Palco (1965), bem como de A jovem Xiao Xiao (UCR, 1987) de XIE Fei, da 4ª geração. 

O início dos anos 80 vê a chegada da 5ª geração, com Terra Amarela de CHEN Kaige (1984) e depois O Sorgho Vermelho de ZHANG Yimou (1987, Urso de Ouro em Berlim). ZHANG Yimou vai a Cannes com Ju dou (1990), início de uma longa relação que será retomada a partir de Viver (1994), com outros três filmes atéSegredo dos Punhais Voadores (FC, 2004). CHEN Kaige vai a Cannes com o seu 4º filme, A vida sobre um fio(1991), e o seguinte, Adeus minha concubina (1993), recebe a Palma de Ouro.


* Charles Tesson é crítico e historiador de cinema


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Por dentro do NYT" no Festival do Rio


"Primeira Página"
Merval Pereira, O Globo

O debate sobre o documentário do diretor Andrew Rossi "Primeira Página, por dentro do New York Times", cuja pré-estreia aconteceu terça à noite no auditório do GLOBO dentro do Festival do Rio, foi uma boa oportunidade para discutir com o público para onde vai o jornalismo depois que os novos meios tecnológicos de transmitir informações passaram a ter um papel preponderante na relação com os leitores.

O documentário focaliza anos difíceis do jornal que ainda é o parâmetro internacional do bom jornalismo, apesar de todas as crises que teve de enfrentar, desde questões meramente financeiras até — o mais importante — crises de credibilidade trazidas por diversas formas de fraudes jornalísticas.

De Jayson Blair, o jornalista que inventava suas reportagens, até Judith Miller, que assumiu como verdadeiras informações da Casa Branca sobre a existência de armas de destruição em massa, fazendo com que o "New York Times" avalizasse a invasão do Iraque no governo Bush.

A capacidade de apuração proporcionada pelas novas mídias, colocando o relato de novas fontes à disposição do público, é uma diferença crucial, que dificulta que os jornais se portem como na guerra do Iraque, quando assumiram como verdadeiras as versões oficiais, e só anos depois refizeram seus relatos revelando que não havia armas de destruição em massa em poder do ditador Saddam Hussein e as manipulações que o governo Bush usou para justificar a invasão do país.

O documentário mostra como a divulgação de um filme pelo WikiLeaks no You Tube, de massacre promovido por soldados americanos no Iraque, fez com que o "New York Times" publicasse reportagem crítica.

Ao mesmo tempo, ao constatar que o WikiLeaks montara o filme para realçar a selvageria dos soldados americanos, o jornal frisou esse papel de ativista político do grupo de Assange.


CineLUX: Vai dar no New York Times

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Daryl Hannah, andróide ambientalista

"Brade Runner"
Famosa por suas atuações em 'Blade Runner' e 'Kill Bill', artista foi presa em agosto durante protesto contra a construção de um oleoduto nos EUA

SÃO PAULO - Daryl Hannah, atriz norte-americana conhecida por seu envolvimento em causas ambientais, confirmou nesta segunda-feira sua participação no Fórum Global de Sustentabilidade do SWU, a ser realizado em novembro na cidade de Paulínia. 

O fórum fará parte do festival de música e artes SWU, que chega à sua segunda edição em 2011 e promove a conscientização para com o meio ambiente. 

Em 2006, Hannah fundou a Sustainable Biodiesel Alliance (Sba), instituição que emite um certificado informal de aprovação a produtores de biodiesel comprometidos com a sustentabilidade. 

Foto AP
No último mês de agosto, a atriz foi presa enquanto protestava em frente à Casa Branca, contra a construção do oleoduto Keystone, que deve transportar petróleo do Canadá até o estado do Texas.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A história do cinema: Rússia


A história do cinema na Rússia retoma a série de artigos que contam o desenvolvimento da indústria cinematográfica pelas lentes de Cannes em diversos países. CineLux respeita a versão original dos textos e grafias.

POR JOEL CHAPRON *
“Coroem um Americano, são uns vendidos à América; coroem um Russo e são comunistas” - dizia Cocteau que sabia do que falava, ele que foi por duas vezes presidente do júri e uma vez presidente de honra de Cannes. De facto, a União Soviética terá sido o único país a conhecer tanta agitação política em torno da sua presença, bem como das suas ausências. Durante os vinte e cinco primeiros anos em que os próprios países enviavam os seus filmes, as relações mudaram ao sabor das reviravoltas políticas dos dois países, sendo o festival um dos principais desafios dessas relações. 

Solicitada, como todos os outros países, por via diplomática, a União Soviética foi convidada para o primeiro festival de Cannes de 1939. A França estava desejosa desta presença por motivos políticos evidentes, pois tentava fazer da URSS uma aliada. A 13 de Agosto de 1939, Viatcheslav Molotov, presidente do Conselho de Ministros, assinou uma nota secreta dirigida ao Politburo segundo a qual nomeia “o camarada Kormilitsine, chefe da representação comercial da URSS em França, membro do Júri do festival de Cannes, e o camarada Polonski, director do estúdio Mosfilm, representante da cinematografia soviética. 

Dois dias depois, o Politburo homologa a decisão e a URSS, respondendo aos favores que lhe são concedidos pela França em número de filmes apresentados, designa 4 longas-metragens e 4 curtas-metragens. Mas a 23 de Agosto, o mesmo Molotov assina com o representante de Hitler, Joachim von Ribbentrop, o Pacto de não agressão germano-soviético; as esperanças francesas caem por terra, a guerra é declarada, o festival não se realiza: Kormilitsine nunca será jurado.

A partir da preparação do verdadeiro primeiro festival, a França decide convidar prioritariamente as nações vitoriosas, das quais a URSS faz evidentemente parte. Durante esta edição de Setembro de 1946, a delegação soviética destaca-se pelas suas festas nas quais se serve caviar e vodka à discrição (a tradição perdurará até à Perestroika), mas cujos convidados são obrigados a trazer na lapela uma pequena bandeira encarnada com a inscrição: “A arte ao serviço da paz”. Contudo, perante os problemas técnicos ocorridos durante as projecções dos seus filmes (e não só), os Soviéticos apelam à sabotagem, começando aí uma longa série de protestos paranóicos que o festival vai ter de enfrentar durante quatro décadas. 


Em 1949, o Comité Central do Partido decide que a URSS não participará no festival, considerando-se lesada pelo regulamento que instituiu uma quota de filmes a apresentar por país proporcional à produção anual, dando-se assim importância aos filmes americanos. Volta apenas dois anos mais tarde após autorização do próprio Estaline, tendo os Soviéticos enviado 7 filmes para a manifestação acompanhados pelo encenador Vsevolod Poudovkine e por Nikolaï Tcherkassov, tornado célebre pelos papéis de Alexandre Nevski e de Ivan o Terrível de Eisenstein. 

Mas o documentário soviético-chinês de Sergueï Guerassimov, A China Libertada, é retirado da competição por parte do festival, ele próprio sob a pressão do governo francês que não quer “ferir o sentimento nacional” de outros países (um artigo do regulamento permite fazê-lo) que apenas reconhecem a Formosa e não a China maoísta: os Soviéticos, vexados, amuam nas edições de 1952 e 1953 e voltam, depois da morte de Estaline, em 1954 (com 120 quilos de caviar na bagagem para a sua famosa recepção!); por sua vez, apresentam queixa contra um filme sueco “que fere o sentimento nacional”…

Embora, em 1955, os filmes soviéticos tenham ganho cinco prémios (pela primeira vez, um cineasta soviético, Sergueï Youtkevitch, encontra-se no júri), é evidentemente o ano de 1958 que vai ficar marcado: ao obter, em pleno Degelo, a Palma de Ouro, a única da história do cinema russo até hoje, com Quando Voam as Cegonhas, Mikhaïl Kalatozov testemunha a renovação soviética.

* Joel Chapron é intérprete de russo, correspondente estrangeiro do Festival de Cannes, responsável pelos países da Europa Central e Oriental na Unifrance, professor associado à Universidade de Avignon, autor de vários artigos sobre as cinematografias da Europa de Leste, redator da nova edição do Dicionário do cinema (Larousse).