quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Glauber Rocha 30 anos depois


Esta semana, dia 22, fez 30 anos que o mais polêmico cineasta brasileiro morreu. Lembro de ter sido melhor apresentado a ele no início dos anos 80, logo após a sua morte, no Rio de Janeiro, quando o Brasil respirava um pouco melhor, mas ainda sob o olhar tirano da ditadura militar.


Naquela época, a "esquerda" carioca, festiva e não, reunia-se em um espaço do Museu de Arte Moderna ( MAM ), numa espécie de cine clube glauberiano, nos finais de tarde de domingo, para assistir seus filmes mais comentados e "revolucionários". Cada um acomodava-se como podia, não tinha cadeiras, sentava-se ou deitava-se no chão. Beber e fumar era liberado.

Ao final, depois de acaloradas, apaixonadas discussões, saíamos todos em grupo, desconfiados, olho vivo e pé ligeiro pelos jardins do Aterro. A polícia podia estar à espreita. A maioria para pegar ônibus na Cinelândia. Alguns naturalmente para completar no Amarelinho. Tempo bom!

Na internet encontra-se muita literatura sobre o cineasta e muitas frases atribuídas a ele e que mostram a inquietação do intelectual: 

"Minha alma deseja a revolução e minhas mãos trabalham para a revolução. Porém o que é revolução ? Uma revolução é a mudança total das leis naturais e sociais. Uma revolução só pode se realizar quando a morte vence a vida, porém ao mesmo tempo a morte é o nada e o nada é contra-revolucionário"

"A História é feita pelo povo e escrita pelo poder"

"A fome latina não é somente um sintoma alarmante: é o nervo da própria sociedade."

"O Estado é mais forte que o Poeta"

"A primeira coisa que o intelectual latino-americano tem a fazer é negar-se, desmistisficar-se completamente, sair desse papel de intérprete, de crítico da história, sem uma participação concreta, política. Para ele, a única forma de revolucionar-se é fazer do pensamento e da ação política algo integrado. É uma oportunidade, rara na história, de resolver a falsa contradição entre intelectual e político."

"Sem linguagem nova não há realidade nova."

"A função do artista é violentar"

"...a câmera é um olho sobre o mundo"

"Estão confundindo minha loucura com minha lucidez"

"O cinema novo é a síntese criadora do cinema brasileiro popular internacional."

"Vou viver a fase da luz e depois morrer"

Abaixo, trecho do documentário "Glauber, Labirinto do Brasil", do cineasta Silvio Tendler, mostrando o discurso, atualíssimo, de outro histórico cidadão brasileiro, Darcy Ribeiro, no enterro do cineasta, finalizado com cantora lírica Maria Lucia Godoy cantando a bachiana n. 5, de Villa- Lobos. 




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