Gérson Trajano
Revista da Cultura
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Os amigos de Glauber Rocha e de Rogério Duarte, designer gráfico, contam que Duarte vivia agradecendo Glauber por ter feito Deus e o Diabo na terra do sol e assim ter consagrado o seu cartaz para o filme.
A mesma gratidão teve o artista plástico Marcellin Auzolle para com os irmãos Lumière. Auzolle é quem assina o primeiro cartaz de cinema colocado nas janelas do Café de Paris em 28 de dezembro de 1895 para a apresentação do Cinématographe Lumière.
O cartaz de Duarte virou um ícone da história do design gráfico brasileiro. No seu centro há uma fotomontagem em que se vê a figura de um cangaceiro segurando uma adaga e o sol com raios amarelos e vermelho claro, saindo de um círculo branco.
Já o cartaz feito por Auzolle estampa a diversão do público ao ver na sala escura imagens de um curta-metragem (L’arrouseur Arrosé). O cartaz mostra que o cinema agrada a todos. Ele incentiva e convida o público a desfrutar daquele momento.
Para o designer André Carvalho, autor de uma dissertação de mestrado sobre cartaz no cinema, trabalhos como os de Duarte e Auzolle são obras que transcendem a técnica publicitária. “Por isso, não é de admirar que estejam expostos em museus e galerias, ao lado de um Picasso e de um Matisse”, afirma.
A EVOLUÇÃO DA TÉCNICA
O cartaz, tal qual conhecemos hoje, surgiu antes do cinema, em 1858, com Jules Chéret (1836-1933). Seu primeiro trabalho em cores, a partir do processo litográfico (gravação sobre pedra), foi para a ópera Orphée aux Enfers.
Antes da invenção da litografia, os cartazes eram quase sempre monocromáticos e impressos através de xilogravura (gravação sobre madeira). A litografia criou o contexto ideal para o surgimento do cartaz moderno, uma vez que viabilizou a reprodução de peças gráficas em escala industrial e com baixo custo.
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