sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Em "Confiar" a pseudotransparência da web


LUIZ ZANIN ORICCHIO - Agência Estado

Em 1990, Hal Hartley lançou um belo filme chamado "Trust, Confiança". Agora, o diretor David Schwimmer apresenta um trabalho de mesmo nome (em inglês) que, na versão brasileira, virou "Confiar". A temática é a mesma: o salto no escuro que se dá ao acreditar em seu semelhante.

Na era da informação online isso significa tomar ao pé da letra tudo o que diz alguém num site de relacionamentos, algo com que Hartley não poderia sonhar 20 anos atrás. Nem sempre (aliás, quase nunca) a pessoa que está do outro lado da linha é tal qual se apresenta. Isso é o que descobre a garota Annie (Liana Liberato), de 14 anos, que pensa ter encontrado seu primeiro namorado num bate-papo virtual. Após meses de conversa pelo computador, resolve encontrar-se com a pessoa ao vivo.

O bom de "Confiar" é que, por paradoxo, engana o espectador. Trai a sua boa-fé, por assim dizer. No começo, parece um filme teen meio bobinho, histórias de namoros previsíveis, misturadas com algum bullying escolar. Mas, a partir de certo ponto, a história vira e torna-se um drama familiar. Num primeiro momento, a confiança traída da menina atinge menos a ela do que a seus pais, Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener).

Corajoso, o filme de Schwimmer é, pelo menos em quase todo o tempo, ao apresentar de maneira pouco convencional o tema tabu da pedofilia.


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