domingo, 22 de maio de 2011

Robert De Niro, direto de Cannes

A organização do Festival divulgou hoje pela manhã a entrevista concedida pelo presidente do júri deste ano. Por recomendação do MEC, não alteramos a redação original divulgada pelo site oficial.

Trinta e cinco anos após a Palme d'or de Taxi Driver (1976), longa-metragem que o fez na história do Festival de Cannes ao lado de Martin Scorsese, o actor, realizador e produtor americano Robert De Niro é o Presidente do Júri das Longas Metragens desta 64ª edição. Entrevista com uma lenda do Cinema.
De que maneira acolheu o desejo do Festival de Cannes de vê-lo presidir o Júri este ano?
Fiquei muito honrado que esta oportunidade me fosse concedida. Disse-me que seria uma experiência única. Os outros membros do júri e eu ainda não encerrámos o nosso trabalho, mas posso desde já afirmar que é uma lembrança extremamente agradável que ficará para sempre.
Que lugar concede ao Festival de Cannes dentro do universo do Cinema?
O Festival de Cannes é, evidentemente, um dos maiores festivais de Cinema no mundo. É muito importante para um filme ser projectado nele. O mais difícil, para um realizador, é ser seleccionado por ele. Cannes, é além disso o lugar de reunião anual da grande família do Cinema.
Que lembranças guarda das suas passagens anteriores pelo Festival de Cannes?
Lembro-me muito bem da primeira vez que vim a Cannes. Foi em 1973 com Martin Scorsese, para apresentar Mean Streets na Quinzena dos Realizadores. Foi uma experiência muito excitante. Três anos mais tarde, voltei com Taxi Driver, desta vez na seleção oficial do Festival de Cannes. De maneira geral, vira qui foi sempre extremamente interessante.

A Palme d’Or obtida por Taxi Driver teve um papel na sua carreira?
esta recompensa foi um trampolim incrível para o filme na sua integralidade. Não sei que acolhimento teve Taxi Driver no resto do mundo, mas nos Estados Unidos teve um sucesso enorme depois de ter passado em Cannes.
 
Porquê participou na fundação em 2002 do Festival do filme de Tribeca, em Nova Iorque?
Decidimos criá-lo a seguir aos atentados do 11 de Setembro para associar o Cinema à dor provocada por esses eventos na cidade de Nova Iorque. No início, não sabíamos se esse evento iria prolongar-se. Portanto, tomámos as coisas como se apresentavam. Nós desejávamos simplesmente dar existência a esse festival. A seguir, à medida que o tempo passava, começou a desenvolver-se.
É um realizador francês, Marcel Carné, que fez com que se estreasse no Cinema, em 1965, em Trois Chambres à Manhattan. Que recordação guarda dessa experiência iniciática?
Participei na rodagem de Trois Chambres à Manhattan durante dois ou três dias. Era um simples figurante. As cenas eram rodadas num café suposto situar-se na Madison Avenue, em Nova Iorque. Lembro-me que Annie Girardot actuava nesse filme. Não sei se ela soube que eu também figurava no filme.
Em seguida, o que é que lhe deu vontade de tornar-se realizador?
Sempre tive a ideia de passar um dia à realização. Gostaria de consagrar-me mais a ela, mas isso leva muito tempo. No entanto, tenho realmente vontade de renovar essa experiência no futuro.
Tem a reputação de exceler na arte de fundir-se na pele dos seus personagens. Quem, do home ou do ator, deu mais ao outro?
Penso que cada actor cresce em contato com os seus personagens. Certos traços dos caracteres deles podem adicionar-se aos seus na medida em que são compatíveis com a sua personalidade. Da mesma maneira, podemos dar uma parte de nós próprios aos nossos personagens, personalizá-los. É o que cada actor deve fazer se quiser fazer um bom trabalho. Também é uma maneira de conectar-se melhor com o seu papel.
Até onde pode ir o cinema?
creio que duma certa maneira pode mudar as gentes. Um filme pode conseguir afetar a nossa vida. Tudo depende da percepção que se tem. Quando um filme toca as gentes de manaria colectiva, é que ele contém elementos com os quais a maioria pode identificar-se. É talvez o que se chama um filme culto.
Propósitos recolhidos por B.P.

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