segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Abutres" nas locadoras

Para algunas cosas temos que tirar o chapéu aos argentinos, doce de leite, carne, a média dos vinhos nacionais, e a facilidade com que o ator Roberto Darin move-se diante de uma câmera.
É assim em “Abutres”, que agora chega às locadoras, depois de curta carreira em salas comercias brasileiras, apesar de “estar” no Brasil desde o Festival do Rio de Janeiro do ano passado.
“Caranchos” são os advogados que farejam acidentes ou perambulam por hospitais catando vítimas para “representá-las” diante de companhias de seguro. Ou então forjam acidentes “reais” para dividir as indenizações. Coisa do tipo receber 200 mil dinheiros e pagar 15 mil.
Tudo isso com a conivência, a proteção e participação da polícia, das administrações hospitalares, médicos, socorristas e demais autoridades envolvidas nessa ilegal e violenta cadeia produtiva. Isso é o que conta o diretor Pablo Trapero.
A película tem cerca de 70% de sua ação desenvolvida à noite, em sujas portarias de hospitais, agonizantes salas de emergência, postos de gasolina, cafés de beira de estrada. O que permite ao diretor uma boa iluminação, captada por uma segura “câmera na mão”.

“Abutres” fica na fronteira do sombrio. Esqueça a charmosa Buenos Aires de Puerto Madero. Prepare-se para trafegar por uma periferia violenta, suja, decadente. Miserável para os padrões argentinos.
Também esqueça os famosos olhos azuis mais queridos do cinema argentino. Darin, como Sosa, provavelmente está no papel mais cafajeste da carreira. Ao seu lado, Martina Gusman, como Luján, uma médica jovem, inexperiente e também problemática.
Gusman, mulher e sócia do diretor, tem apenas outros dois filmes na carreira. Não compromete, mas precisa de mais estrada. Componente do júri de Cannes deste ano, além da pouca experiência, tem algum problema na arcada dentária que a faz parecer que está sempre mascando chiclete.
“Carancho” é um pouco lento no primeiro terço, consome um tempo desnecessário para introduzir o assunto, depois assume seu ritmo crescente de tensão e violência, culminantes na última cena. Tem poucos momentos para respirar.

Um comentário:

  1. Agora tem que ver Un cuento chino, também com o Darin, mas fazendo um personagem muito engracado!
    Gisele
    giseleteixeira.wordpress.com

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