São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2011
RUY CASTRO
"Kane" setentão
RIO DE JANEIRO - "Cidadão Kane", o filme de Orson Welles, fez 70 anos - estreou a 1º de maio de 1941 em Nova York. Hoje, em qualquer enquete sobre os dez maiores filmes de todos os tempos, é como se só valesse discutir a partir do 2º lugar. Feitas as contas, "Kane" sempre atropela em 1º.
Nem sempre foi assim. Quando essas enquetes começaram a ser feitas a sério e internacionalmente, em 1952, pelas cinematecas e revistas europeias, os campeões, revezando-se no pódio, eram "Encouraçado Potemkin" (1925), de Eisenstein, "Luzes da Cidade" (1931), de Chaplin, e "Ladrões de Bicicletas" (1948), de Vittorio de Sica. "Kane" nem aparecia, e por razão simples: logo depois de lançado, fora recolhido pela RKO. A qual, dez anos depois, falira. Os mais jovens não o conheciam.
Mas, em 1958, cópias de "Kane" começaram a aparecer em retrospectivas. Nem todas tinindo -eu próprio só fui vê-lo numa cópia riscada, escura e quebrada, em meados dos anos 60, na telinha de 16 mm da velha Cinemateca do MAM, sentado no chão de serragem (as cadeiras da Brahma estavam todas tomadas). Mas dava para entender por que, já a partir de 1962, "Kane" fora para as cabeças das listas.
Desde então, uma dúvida intriga os fãs do filme. Bem no começo, conta-se que a última palavra que o magnata Charles Foster Kane pronunciou antes de morrer foi "Rosebud", botão de rosa. Vê-se a boca de Kane em close dizendo a palavra. Corta para a enfermeira entrando no quarto, encontrando-o morto e o cobrindo.
A pergunta era: se Kane estava sozinho ao morrer, quem o ouviu dizer "Rosebud"? Bem, uma teoria tardia assegura que o mordomo de Kane, Raymond, interpretado por Paul Stewart, estava com ele no quarto. Mas invisível, ou fora do alcance da câmera. Você acredita se quiser -se não quiser achar uma imperfeição no filme.
Folha.com
"Kane" setentão
RIO DE JANEIRO - "Cidadão Kane", o filme de Orson Welles, fez 70 anos - estreou a 1º de maio de 1941 em Nova York. Hoje, em qualquer enquete sobre os dez maiores filmes de todos os tempos, é como se só valesse discutir a partir do 2º lugar. Feitas as contas, "Kane" sempre atropela em 1º.
Nem sempre foi assim. Quando essas enquetes começaram a ser feitas a sério e internacionalmente, em 1952, pelas cinematecas e revistas europeias, os campeões, revezando-se no pódio, eram "Encouraçado Potemkin" (1925), de Eisenstein, "Luzes da Cidade" (1931), de Chaplin, e "Ladrões de Bicicletas" (1948), de Vittorio de Sica. "Kane" nem aparecia, e por razão simples: logo depois de lançado, fora recolhido pela RKO. A qual, dez anos depois, falira. Os mais jovens não o conheciam.
Mas, em 1958, cópias de "Kane" começaram a aparecer em retrospectivas. Nem todas tinindo -eu próprio só fui vê-lo numa cópia riscada, escura e quebrada, em meados dos anos 60, na telinha de 16 mm da velha Cinemateca do MAM, sentado no chão de serragem (as cadeiras da Brahma estavam todas tomadas). Mas dava para entender por que, já a partir de 1962, "Kane" fora para as cabeças das listas.
Desde então, uma dúvida intriga os fãs do filme. Bem no começo, conta-se que a última palavra que o magnata Charles Foster Kane pronunciou antes de morrer foi "Rosebud", botão de rosa. Vê-se a boca de Kane em close dizendo a palavra. Corta para a enfermeira entrando no quarto, encontrando-o morto e o cobrindo.
A pergunta era: se Kane estava sozinho ao morrer, quem o ouviu dizer "Rosebud"? Bem, uma teoria tardia assegura que o mordomo de Kane, Raymond, interpretado por Paul Stewart, estava com ele no quarto. Mas invisível, ou fora do alcance da câmera. Você acredita se quiser -se não quiser achar uma imperfeição no filme.
Folha.com
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