domingo, 10 de abril de 2011

Bafici: Seis vidas dedicadas a vender

O bairro do Once, em Buenos Aires, é como o Saara, no Rio de Janeiro, ou a 25 de Março, em São Paulo. Um lugar onde “hay de todo“. É também um bairro caracterizado pela forte presença de judeus, especialmente comerciantes de tecidos. É sobre um deles, o "Negro" Levy, e sua loja, a Kreal, o documentário que fui ver ontem.

O filme chama-se "Novias, Madrinas - 15 años", e é uma homenagem dos diretores Diego e Pablo Levy, ao pai. Uma delicia de película! O roteiro mostra o cotidiano da loja e seus seis empregados (todos homens) na difícil tarefa diária de vender tecidos finos a noivas, madrinhas de casamento e meninas de 15 anos. Cada qual com seu truque de convencimento.

Um dos funcionários tem 90 anos, muitos deles passados na “sederia”, como se chamam aqui as casas de sedas. Na verdade, todos são personagens prontos, porque entre eles há, por exemplo, um pastor e um ex-viciado em jogos, convivendo dez horas por dia.

"Novias, Madrinas - 15 años" não é um filme ambicioso, e essa seja talvez sua maior virtude. Mescla depoimentos (todos falam sobre suas vidas tendo como pano de fundo os melhores tecidos da loja) com cenas do dia a dia e, assim, registra um tipo de negócio quase em vias de extinção. Cumpre muito bem sua tarefa.

Ontem, três dos vendedores estavam na apresentação do filme e foi muito emocionante ver os personagens saírem da tela para conversar com a gente. A película faz parte da mostra competitiva argentina e já ganhou o meu voto. 


Por Gisele Teixeira, Aquí me quedo


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