quinta-feira, 17 de março de 2011

De Vinicius de Moraes para Barack Obama

As assessorias norte-americanas, face a visita de dois dias de Barack Obama e família ao Rio de Janeiro, com escala em Brasília, fazem uma natural divulgação de simpatias ligando o presidente dos EUA ao Brasil.

Escolheram uma marcante, particularmente para cariocas e afrodescendentes, como ele. Obama, na sua briografia, cita o filme "Orfeu Negro", de 1959, que lhe foi apresentado por insistência da mãe Stanley Ann Dunham.

Um filme realmente histórico para o cinema nacional, embora seja uma obra mais franco-italiana do que brasileira. Dirigido pelo francês Marcel Camus, morto em 1982, foi adaptado por ele da peça "Orfeu da Conceição", de uma também adaptação genial que Vinicius de Moraes havia feito da grega Orfeu e Eurídice.

O Orfeu original, em 1999 refilmado, foi rodado na Chapéu Mangueira, no bairro do Leme, favela que perdeu para outro cenário cinematográfico, a hoje  "pacificada"  Cidade de Deus, a preferência da ilustre comitiva. Venceu a política.

Com trilha sonora de Tom Jobim e Luis Bonfá já na esteira da Bossa Nova,"Orfeu Negro" recebeu prêmios como Palma de Ouro, em Cannes, no ano do lançamento. Além de Melhor Filme em Língua Estrangeira, no caso a França, no Oscar e no Globo de Ouro de 1960, ambos nos EUA. Em 1961, no BAFTA, em Londres, foi indicado na mesma categoria.

Na peça de Vinícius, Eurídice foge do nordeste e vai morar numa favela carioca com sua prima Serafina, pois acredita ser seguida por um homem que está querendo matá-la. Com a cumplicidade da prima, apaixona-se por Orfeu, noivo da bela Mira.

Mira passa a perseguir Eurídice, por ciúmes. Eurídice revela tudo ao seu protetor Orfeu que, também apaixonado, vai viver ao seu lado. Um dia, depois de conhecer o Carnaval, Eurídice acredita que está sendo perseguida e volta para a favela, mas sem conhecer as ruelas fica assustada e se perde. O homem a encontra.

Para recordar o filme que marcou Obama, a abertura, com a música tema na voz de Vinicius, e Samba de Orfeu, de Luis Bonfa.




Nenhum comentário:

Postar um comentário