Os melhores filmes foram aqueles que nós vimos garotos entrando sem pagar no cinema e matando aula.
Não me lembro de um único deles. Sei que não foram poucos. Este bonequinho estava sempre de pé batendo palma.
Em matéria de filme cult era o que havia. Discutia-se apenas com outros praticantes desta arte que não ousava dar suas caras ou oferecer seu nome.
Os outros filmes eram apenas filmes. Bons, maus, ruins. Mas filmes, apenas.
O cinema secreto – na verdade, não tinha ainda um nome – era pessoal e intransferível. Pura curtição.
Vendaval de emoções (acho que foi o nome de um desses filmes. Além do mais, com Vera Hruba Ralston. O que só tornava mais picante o prazer), segredo inviolável, mistério à beira-mar.
Era tudo pertencente a uns poucos pequenos truões e só não usávamos capa preta e máscara para não chamar a atenção do gerente e do bilheteiro, os dois grandes obstáculos à vitória de nossas conquistas.
Vivíamos, sem saber, títulos de filmes perdidos, legendas esquecidas, atores desaparecidos que nunca pegaram (Vera Hruba Ralston seria nossa musa, se musa tivéssemos adotado).
Hoje, cinema passou daquele slogan sem graça, “Cinema é a melhor diversão”, a uma realidade digitalizada, em suas diversas modalidades.
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