quarta-feira, 9 de maio de 2012

Woody Allen daria certo no Rio?


São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2012Opinião
Opinião

Paula Cesarino Costa

Um Rio para Woody Allen

RIO DE JANEIRO - Há uma semana, Carlos Heitor Cony, um dos brilhantes titulares desta coluna, escreveu sobre a Paris filmada por Woody Allen. Trouxe a lembrança do projeto que o Rio poderá protagonizar.

Em 2009, o governador e o prefeito do Rio receberam os produtores do cineasta norte-americano interessados na possibilidade de filmar na cidade. A dupla Sérgio Cabral-Eduardo Paes tem se especializado em propagandear a cidade pelo mundo.

O mais recente dessa safra de filmes-homenagem a cidades que Woody Allen tem feito, "Para Roma, Com Amor", foi criticado na Itália por abusar dos lugares-comuns, mostrar cenários óbvios como o Coliseu e retratar personagens estereotipados como guardas de trânsito e mulheres exuberantes.

O longa, inédito no Brasil, tem a participação de Roberto Benigni, Penélope Cruz, Alec Baldwin e Jesse Eisenberg. Um dos momentos mais engraçados é quando o diretor leva para um suntuoso teatro de ópera um cantor que só consegue bom desempenho no banheiro -e, para isso, leva ao palco o próprio chuveiro.

No ano passado, o cineasta disse que, se o projeto sobre o Rio vingar, deverá passar uma temporada na cidade para se inspirar e preparar um roteiro que capture a alma local.
Com as últimas desventuras do governador do Rio e de seu secretariado em Paris, nenhum absurdo alleniano poderá ser rejeitado.

Se Allen tivesse colocado a fina flor da elite fluminense de guardanapo na cabeça, gritando e falando vulgaridades, e suas mulheres quase dançando cancã com sapatos Louboutin, possivelmente estaríamos indignados em praça pública.

Roma reclamou de o cineasta tê-la filmado como cartão-postal, com piadas discretas sobre Berlusconi.

O Rio, com um governo como o da república de "Bananas" de Woody Allen, não poderá reclamar de como for recriado nas telas.

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