quinta-feira, 31 de maio de 2012

Jogos Olímpicos e culturais


São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2012Opinião
Opinião
Ruy Castro

Maiores que a vida

RIO DE JANEIRO - Em julho e agosto, durante os Jogos Olímpicos, Londres não viverá apenas de rapazes e moças praticando arco e flecha, tae kwon do ou marcha atlética. Aproveitará também para promover uma espécie de Olimpíada cultural, que correrá paralelamente aos eventos esportivos e terá atrações só possíveis pelo influxo de dinheiro dos Jogos.

Uma delas será a exibição de cópias restauradas de nove dos onze filmes que Alfred Hitchcock rodou na Inglaterra entre 1925 e 1929, ainda no período mudo - um trabalho iniciado há três anos pelo British Film Institute e que jogará nova luz sobre a obra inicial do cineasta.

Como não temos um Hitchcock para mostrar, mas não nos faltaram um Pelé, um Garrincha, um Didi, um Gerson, um Rivelino ou um Zico, uma medida equivalente a se tomar aqui, tendo em vista os Jogos do Rio em 2016 - ou a própria Copa de 2014-, seria a restauração do acervo do cinejornal "Canal 100", do carioca Carlos Niemeyer, hoje sob a guarda da Cinemateca Brasileira (em SP).

Niemeyer conduziu o "Canal 100" de 1959 a 1986. Donde registrou a saga de todos os esquadrões brasileiros dos anos 60, 70, 80 - tão remotos para os jovens de hoje quanto foi o futebol de Domingos da Guia, Zizinho e Leônidas para a minha geração. É só descer as latas, examinar aqueles rolos de filmes riscados, sujos e quebrados, e meter mãos à sua recuperação.

A Cinemateca tem amplas condições técnicas para isso. Falta só a verba - ridícula, frente aos gastos que se andam fazendo. Imagino a exibição de trechos de, por exemplo, um Santos x Botafogo de 1960 em telões ao ar livre, maiores que a vida, no Rio e em SP, para milhares de brasileirinhos e gringos estupefatos (eu próprio venderia a alma para rever certos Fla-Flus do passado). Mas este é um trabalho que seria preciso começar ontem - ou já.

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