sábado, 8 de outubro de 2011

A história do cinema: Itália

A história do cinema italiano pelas lentes de Cannes continua. A série de artigos foi originalmente dividida em três etapas de 1946 a 1959, de 1960 a 1999, e de 2000 a 2010. A segunda etapa, infelizmente não está disponível no site do Festival.



POR LORENZO CODELLI*
 
A ausência de filmes italianos na edição de 2000 do Festival foi interpretada como um sinal tanto do declínio da produção como do desinteresse do público a nível internacional. Desde o início do novo milénio, três eventos memoráveis vieram materializar os esforços consentidos para restabelecer a fortuna do cinema transalpino, por não o conseguirem tirar completamente da crise.

Em primeiro lugar, a atribuição da Palma de Ouro de 2001 a O Quarto do Filho, exorcismo psicanalítico requintado, realizado e interpretado por um Nanni Moretti que abandonou para a ocasião o registo cómico. Depois, o prémio Un certain Regard 2003, atribuído ao filme Os nossos melhores anos, saga pré e pós geração de 68 assinada por Marco Tullio Giordana. Por fim, em 2008, enquanto o Grande Prémio do Júri recompensa o filme Gomorra de Matteo Garrone, o Prémio do Júri é ganho por Il Divo, de Paolo Sorrentino, um díptico político explosivo como não se via desde os tempos longínquos da Palma dupla atribuída a Rosi e Petri.

Ermanno Olmi e Marco Bellocchio, principais protagonistas do rinascimento dos anos 60, rejuvenescem a sua forma criativa. O primeiro com a ode ao pacifismo O Ofício das Armas e o apólogo semi-sacrilégio Centochiodi, o segundo pela fábula hiper-sacrilégio O Sorriso da minha mãe e por Vincere, epopeia sobre a reincarnação das ditaduras.

O documentarismo contra-informativo querido do neo-realismo conhece o seu auge com Carlo Giuliani, ragazzo, de Francesca Comencini, e Draquila de Sabina Guzzanti. Em Il Caimano, Nanni Moretti constrói um puzzle satírico sem concessões sobre o industrial e o político todo-poderoso por antonomásia. Paolo Sorrentino, discípulo da prolífica escola napolitana dos Mario Martone e outros Antonio Capuano, é homenageado por três vezes no Festival, passando com mestria do thriller tarantinesco (As Consequências do Amor) para a fábula grotesca (O Amigo da Família) ou para a sátira política (Il Divo). Com La nostra vita, Daniele Luchetti, na mesma linha do Le mani sulla cità de Rosi, ataca a corrupção que não pára de provocar estragos no sector da construção civil e na nossa vida quotidiana de um modo geral. Uma suspeita de verdade que ilumina tempos menos obscuros. 


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