Foto O Globo/Divulgação |
O fotógrafo Sebastião Salgado na mira da câmera
O Globo
Brasileiro vira tema de documentário assinado por seu filho e pelo cineasta Wim Wenders
PARIS - Ao folhear as imensas páginas do molde do livro de 50cm x 70cm de dimensão que acolherá, em dois espessos volumes, o seu trabalho de dez anos de exploração das regiões mais puras e virgens do planeta, batizado de "Projeto Gênesis", o fotógrafo Sebastião Salgado se detém diante da gigantesca imagem do semblante de um gorila.— Fotografei este gorila em Ruanda. Ele estava quase grudado na minha câmera e, num dado momento, se viu refletido na lente. Encostou o dedo na sua boca e se deu conta, pelo movimento, de que era ele mesmo do outro lado. Foi um momento impressionante — conta com entusiasmo juvenil o fotógrafo de 68 anos, como se tivesse acabado de clicar o enorme primata.
Acostumado a retratar, Sebastião Salgado se vê agora em posição inversa: foi colocado no lugar do gorila pelos atentos e curiosos olhares do consagrado diretor alemão Wim Wenders e de seu filho Juliano Salgado, também cineasta. A dupla se uniu para fazer um documentário sobre vida e obra do célebre fotógrafo, economista de formação. Em "A sombra e a luz", um projeto de longa-metragem de 90 a 110 minutos, Wim Wenders e Juliano pretendem, a partir do "Gênesis", revelar as mutações do homem Sebastião Salgado e de seu trabalho ao longo de quatro décadas de fotografias pelo mundo.
Admirador de Salgado desde que se deparou com as imagens do livro "Outras Américas (1986), Wenders, ele mesmo fotógrafo, passou à condição de fã ao visitar a exposição "Exôdos", em Paris, no começo dos anos 1990. O cineasta se diz impressionado pela "dedicação" de Salgado em projetos narrativos com anos de extensão para serem fotografados e concluídos, "algo impossível de ser realizado no cinema", assinala.
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