sábado, 16 de junho de 2012

Saudade do Carlão e a gafe de Ana Hollanda

por André Miranda 
O Globo
Não venho ao Blog do Bonequinho há meses porque sou um maldito relapso que inventa não ter muito tempo de sobra para breves comentários. Às vezes é verdade, mas às vezes, admito, sou mesmo um maldito enrolado que não consegue organizar a vida para dar conta dos compromissos. 

Só que aí, ontem, veio a notícia da morte do Carlão. E as desculpas pararam de ter sentido. 

Carlão foi Carlos Reichenbach, o cineasta brasileiro mais carinhoso com quem já conversei e certamente um dos mais talentosos. Numa entrevista que fiz com ele em 2007, Carlão disse: "O cinema é meu meio de expressão. Não é para ganhar dinheiro ou fazer carreira fora do Brasil. Meu próximo filme, por exemplo, parte da minha experiência com a morte. Vai ser sobre um cara que, no pós-operatório, começa a recuperar a liberdade do imaginário. Vai se chamar 'O mar das mulheres mortas'. Devo terminar o roteiro até fevereiro."
Infelizmente, Carlão não conseguiu filmar a tempo o projeto. Não sei se ele terminou o roteiro. Sei que fez outro, de "O anjo desarticulado", mas não tenho muitas informações sobre o que trata o projeto, nem se ele foi uma variação da ideia anterior. A morte perseguiu Carlão por muito tempo, com seus vários problemas e saúde. Era um assunto que surgia o tempo todo em suas conversas. 

Carlão também tinha um orgulho muito grande de sua carreira, de todas suas influências. E, internauta do jeito que era, ele estaria neste momento esmurrando seu teclado para escrever um post raivoso no Facebook depois de ler a nota de pesar enviada pelo Ministério da Cultura quando à sua morte. Assinada pela ministra Ana de Hollanda, a nota diz: "Um cineasta inquieto, vanguardista que, por trilhar caminhos menos usuais entre os cineastas tradicionais, foi tachado como autor de filme marginal e da Boca do Lixo." 
Continua O Globo

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