terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Olha o Moacir aí, gente!

Moacir Santos
por Gisele Teixeira, Aquí me quedo

Brasileiro, naturalizado argentino em 1984, Moacir Santos chegou a Buenos Aires fugindo da pobreza, do abandono do pai e de uma mãe alcoólatra. Compositor, com um talento nato para cantar, passou dez anos internado no hospital neuropsiquiátrico Borda com um diagnóstico de esquizofrenia paranóide.

Hoje, aos 69 anos cumpridos semana passada, Moacir é uma espécie de celebridade na capital argentina. Teve alta (ganha uma ajuda de custo para viver sozinho), acaba de estrear um documentário e de cumprir o sonho de todo o músico: gravar um disco.

O cd inclui 12 músicas, sendo oito delas composições próprias, que ele havia registrado quando chegou à Argentina e dava como perdidas. Entre elas, tangos, sambas, e boleros. Além de ótimas marchinhas!

O resgate – das músicas e da vida – veio pelas mãos do cineasta Tomás Lipgot, que descobriu Moacir ainda em sua fase de internação, quando filmava outro documentário no Borda.

O brasileiro chamou a atenção do diretor por seu talento, mas também por sua doçura e bom humor. Lipgot decidiu então ir atrás das partituras que ele dizia ter registrado. Estavam lá.

Fizeram um trato. Se Moacir gravasse um disco, Lipgot faria um filme sobre a sua vida. E fez. O documentário é isso, o dia a dia do Moacir, sua personalidade, seu humor e a epopéia da gravação, que teve como padrinho o músico Sergio Pángaro.

O filme começa a ser apresentado no Brasil mês que vem, em Porto Alegre, no Festival de Verão do RS e, se tudo der certo, vai circular por todo o país. Não deixem de assisti-lo!

Por aqui, é o maior sucesso. Tanto é que as apresentações no Malba agora incluem um petit show no final. Moacir ao vivo.

No filme, tem uma hora que Pángaro profetiza: a Marcha do Travesti vai pegar! Não deu outra. Terminado o documentário a gente sai com o tema na cabeça. “Zazá, Zezé, Zuzu. Não precisa dizer mais nada”. É a marchinha do Carnaval de 2012 em Buenos Aires.

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