quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"Cine Camaleão - A Boca do Lixo"

Cine Camaleão
Foi numa esquina da rua Triunfo com rua Vitória, centro de São Paulo, que a Boca do Lixo aconteceu. O movimento cinematográfico, um dos mais importantes do Brasil, começou nos idos da década de 1960 e 70 e ocorreu nesse lugar tão deteriorado --a futura "ex-cracolândia"-- pois era onde se concentravam os escritórios de produtoras como Columbia, Paramount e Warner desde os anos 20.

A esta altura, no entanto, a produção da Boca cresceu muito. Já tinha grandes diretores e estrelas (Helena Ramos, Matilde Mastrangi e Aldine Muller), se dividia em vertentes (a pornochanchada e o terror B de Zé do Caixão são alguns exemplos) e começou a disputar público e salas de cinema com a grande produção nacional.

Assim, do tratamento debochado que recebia por conta das produções baratas e controversas passou a ser levada a sério, e, muito mais tarde, teve reconhecida a sua importância para o cinema nacional.

Boca do Lixo, anos 70
A companhia de teatro Pessoal do Faroeste homenageia o movimento com o espetáculo "Cine Camaleão - A Boca do Lixo", que tem Paulo Faria como diretor e conta a história da Boca através de uma cantora que quer ser a primeira mulher a fazer sexo explícito no país.

De maneira caleidoscópica, o espetáculo é cheio de referências à história de São Paulo --e a moça, interpretada pela grávida Mel Lisboa, acaba virando protagonista de um filme que conta a história do crime do Castelinho da Rua Apa, tragédia marcante nos anais paulistanos.

O filme, "Faroeste na Rua Apa", foi realmente feito e é projetado durante a peça. Mas, agora, a companhia quer ir além em suas homenagens à Boca do Lixo. Mudou sua sede para a rua Triunfo e tornou-se vizinha do diretor David Cardoso, a principal estrela da era de ouro da Boca.

O diretor, Faria, explica todas as mudanças --a física e os novos projetos: "Estamos no olho do furacão com toda essa polêmica da cracolândia, e, ainda assim, a peça é um sucesso". E completa: "O espaço ficou pequeno, e muita gente tinha de voltar para casa antes das sessões, por não conseguir ingresso".

Continua Folha.com.br


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