sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Duas horas com Werner Herzog

O já tradicional Festival 4+1, também conhecido como o Festival dos Festivais, este ano homenageou o cineasta alemão Werner Herzog, que dispensa maiores apresentações.

A "Aula Magna" do diretor está disponibilizada na internet e você pode acompanhar suas duas horas de duração aqui no blog. Veja também, abaixo, a matéria de apresentação postada no site do 4+1.



A aula magna do diretor Werner Herzog foi um sucesso de público

A aula magna do diretor alemão Werner Herzog, Convidado de Honra do Festival 4+1 em 2012, ocorrida na quinta-feira passada, 22 de novembro, no Rio de Janeiro, Sede Central da terceira edição do Festival, foi um sucesso de público. Sob o título Um encontro com Werner Herzog, o cineasta compartilhou durante mais de duas horas diversas experiências, conselhos, reflexões e algumas histórias curiosas a respeito da sua carreira cinematográfica. O encontro aconteceu na forma de um diálogo com o público presente no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil, e também pôde ser visto ao vivo no site do festival, iniciativa que chegou a receber mais de 10.000 visualizações do mundo inteiro.

Já nos primeiros minutos, com um tom ameno e quase provocador, Herzog disse que estava disposto a “não só falar de cinema, mas também ensinar alguns truques práticos sobre como arrombar fechaduras, abrir e dirigir um caminhão alheio, falsificar autorizações para gravar…” fazendo alusão à gravação do seu legendário filme Fitzcarraldo. O cineasta pediu ao público presente na sala que compartilhasse seus questionamentos e realizassem as perguntas que desejassem, ilustrando a aula com vários fragmentos de filmes, a maioria da sua extensa filmografia.

Sempre contra a corrente, o cineasta alemão incitou os interessados em fazer cinema a fugir das escolas cinematográficas: “Fiquem longe da teoria cinematográfica, dessa atividade intelectual que é simplesmente acadêmica. As academias são o inimigo, elas matarão qualquer instinto que vocês tenham. Fujam o mais rápido possível… Em vez de gastar horas numa escola, trabalhem como taxistas, num clube erótico ou num sanatório… deste modo vocês conseguirão dinheiro para fazer um filme”. Também sugeriu aos aspirantes a cineastas que “leiam, leiam, leiam… se vocês não lerem nunca serão cineastas. E não livros de cinema, leiam poesia, leiam livros que os ajudem com o caminho interior…” Para isso, indicou a leitura obrigatória do livro The Peregrine, de J.A. Baker, que fala da experiência de um observador de falcões peregrinos.

Quando indagado sobre sua comentada relação com o ator Klaus Kinski, protagonista de alguns dos seus títulos de ficção mais aclamados, Herzog hesitou em desmitificar sua figura, com quem manteve uma difícil, e por vezes violenta relação profissional que trataria anos mais tarde no documentário My Best Fiend, filme que pôde ser visto no Festival 4+1.

@ O Festival foi vencido por "La Demora", eleito pelo voto do público. O filme é dirigido pelo jovem diretor uruguaio Rodrigo Plá. 

Sinopse oficial de "La Demora: "Toda criança foi ensinada que deve ceder seu lugar às pessoas mais velhas no ônibus. A Demora poderia ser a filmagem do que ocorre quando alguém se esquece do que aprendeu na infância e, anos mais tarde, se vê capaz de abandonar seu próprio pai idoso num parque, diante da impossibilidade de sustentá-lo. O mexicano nascido no Uruguai, Rodrigo Plá, adota com este filme essências do cinema de Montevidéu, nostálgico e seco, na linha de Whisky (Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, 2004), para filmar algo assim como um pequeno apocalipse pessoal, um colapso emocional que termina causando vítimas colaterais: o pai com Alzheimer de uma mulher incapaz de levantar-se pelo peso da própria vida. O que poderia ser um melodrama (e na sua essência é) se transforma num exercício de depuração cinematográfica que contém um pequeno tour de force: grande parte do filme se apoia na interpretação de dois atores protagonistas, um deles ancorado a um barco onde espera, sem sucesso, que venham buscá-lo, como um animal abandonado incapaz de entender o que é traição. Neste banco, próximo à Rambla de Montevidéu, decorre grande parte do filme que não só retrata um acinzentado jeito uruguaio, mas especialmente a complexidade e a dor de uma vida simples. (Gonzalo de Pedro Amatria)"




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