'Trilogia da incomunicabilidade' é um dos marcos do cinema mundial na década de 1960
LUIZ CARLOS MERTEN - O Estado de S.Paulo
Jack Nicholson havia feito O Passageiro - Profissão: Repórter com Michelangelo Antonioni. Escolhido pela Academia de Hollywood para outorgar ao grande diretor italiano o Oscar de carreira que recebeu em 1995, Nicholson ressaltou a ironia.
O homem que havia feito do silêncio uma ferramenta de sua arte estava privado da palavra e dos movimentos por um acidente cardiovascular. Antonioni recebeu o prêmio amparado numa bengala. A plateia, respeitosa, aplaudiu-o de pé.
O húngaro Istvan Gaal, que cursou o Centro Experimental em Roma, teve o privilégio de assistir a algumas master classes de Antonioni, nos anos 1960. Ele escreveu um texto sobre a experiência, publicado numa revista de Budapeste, em 1992, e resgatado pela revista francesa Positif, em abril deste ano.
Antonioni e Gaal já morreram. O diretor húngaro lança perguntas - Antonioni terá sido o documentarista intransigente do neorrealismo? O artista que fez a ligação entre o movimento que irrompeu na Itália, no pós-guerra, e a nouvelle vague francesa? E ele afirma - com Antonioni, e Federico Fellini, o cinema começou a falar na primeira pessoa.
Tudo isso vale lembrar no momento em que a Versátil lança uma caixa especial. Sob o rótulo de Trilogia da Incomunicabilidade, reúne os três filmes que Antonioni realizou entre 1960 e 62 - A Aventura, A Noite e O Eclipse.
Continua O Estado de São Paulo
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