segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sobre amores e mulheres

Dediquei meu final de semana às mulheres. Claro, ainda acho que estou longe de decifrá-las, mas, pelo menos, assisti três películas muito boas, diria recomendáveis. 

Não são novas, de 2011, mas ocuparam pouco tempo da programação dos cinemas e agora estão nas locadoras: “Flor da Neve e o Leque Secreto” (“Snow Flower and the Secret Fan”), “A Fonte das Mulheres” ("La Source des Femmes"), e “As Mulheres do Sexto Andar” (“Les Femmes du 6eme Etage”)

"Flor da Neve…", tratando-se de um filme chinês, é o mais difícil. Conta, em três épocas, 1829, 1997 e 2010, duas tradições chinesas. De quando os casamentos eram arranjados, e premiados, para as meninas que tivessem os mais belos pés amarrados, para ficarem pequenos e delicados. Uma verdadeira tortura, que felizmente acabou.

Junto, desenvolve a história sobre as 'laotongs', que vêm a ser o amor verdadeiro, no sentido do companheirismo, sem, aparentemente, envolvimento sexual, entre duas mulheres, e que devem ficar amigas por toda a vida, significa "irmã do coração". 

É uma adaptação do livro escrito por Lisa See, com uma história do século 19 entre as laotongs Flor de Neve e Lírio, com um paralelo para os dias atuais, entre Nina e Sophia. 

Um filme para quem admira a tradição ou quer conhecer um pouco da cultura daquele povo. Deve ser assistido com a devida paciência chinesa.

"O Leque Secreto" é porque as laotongs se comunicavam em dialetos quase próprios e as mensagens eram escritas nos tradicionais leques chineses.




"La Source des Femmes", destaque no Festival de Cannes 2011, é dirigido por Radu Mihaileanu, nascido na Romênia. Conta, com bom humor, a história de uma "revolta" de mulheres contra seus folgados maridos em um distante povoado árabe.

Enquanto elas trabalham duro, muito duro, eles tomam chá e conversam. Para exigir que os maridos participem dos pesados trabalhos domésticos, principalmente buscar água, e mostrar que o assunto é sério, passam a fazer "greve de sexo". 

Diante de uma milenar tradição e de leituras bastante próprias do Alcorão, a confusão no povoado fica séria. “A Fonte das Mulheres” é protagonizado pela atriz franco-argelina Leila Bekhti, a revolucionária da vila, casada com um professor moderno para os padrões locais e que apóia as mudanças que precisariam ocorrer em relação às tradições do mundo árabe muçulmano. 

Interessante do início ao fim, com bons momentos de humor e surpresas. É quase um manifesto à liberdade feminina dentro dos padrões de dominação homem-mulher no mundo árabe muçulmano.




“As Mulheres do Sexto Andar” (“Les Femmes du 6eme Etage”), ambientado na Paris do início da década de 1960, também é muito bom astral. Jean-Louis, interpretado por Fabrice Luchini, e Suzanne Joubert, por Sandrine Kiberlain, formam um casal conservador, cujo mundo desaba com a chegada da jovem empregada espanhola Maria, papel de Natalie Verbeke. 

Maria é trazida por uma tia, que foge do Franquismo e mora no sexto andar com outras domésticas, também vindas da Espanha na mesma situação. 

Os prédios de Paris, naquela época, tinham as chamadas 'chambres de bonnes', os quartos das empregadas, em geral localizados no 6º andar dos prédios dos patrões. 

“Les Femmes du 6eme Etage” reforça conceitos de solidariedade, ao mesmo tempo em tenta balançar o tradicional marasmo dos casamentos que caíram na rotina. 



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