foto www.saritamontiel.org |
Folha de São Paulo
RIO DE JANEIRO - Sarita Montiel, cantora e atriz espanhola, morreu na segunda-feira em Madri, aos 85 anos, segundo as agências. Sarita, 85? Que mentira. Todos sabemos que ela nunca passou dos 31, 32 --quando sua beleza siderava as plateias em filmes como "A Última Canção", "La Violetera" e "Carmen de Ronda".
Você perguntará: quem "sabemos"? Nós, os garotos que víamos Sarita no cinema, nas revistas ou nas capas dos LPs, e perdíamos o sono pensando em seus olhos verdes, cabelos castanhos, lábios carnudos --e em seu decote (os adolescentes não são muito espirituais em suas fixações). Por Sarita, e apenas por ela, ficávamos até o fim daqueles horríveis filmes espanhóis, gemendo de inveja dos galãs e torcendo para que, ao cantar, ela arfasse ao tentar certas notas e seu decote revelasse mais um pouco do que pareciam duas pequenas obras-primas.
O apogeu de Sarita foi entre 1958 e 1962. Os EUA a ignoravam, mas ela tinha a Europa, o México e a América do Sul. E, quando digo que Sarita nunca passou dos 31, 32, é porque, dali --a partir, talvez, de "Meu Último Tango" ou "A Rainha do Chantecler"--, começamos a trocá-la por paixões mais próximas e palpáveis. Quem sabe sentindo-se traída, foi saindo da tela aos poucos e, com isso, poupou-nos de vê-la envelhecer.
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